A verdadeira santidade
Como se expressa a verdadeira santidade? O apóstolo Paulo responde a  essa pergunta de maneira muito didática. Primeiro, ele mostra como não  se expressa a verdadeira santidade, e depois faz o oposto:
Cl 1.8: “Cuidado, que ninguém vos venha enredar com sua  filosofia e vãs sutilezas, conforme a tradição dos homens, conforme os  rudimentos do mundo e não segundo Cristo”. Para entendermos  melhor o que Paulo está querendo dizer, é importante entendermos o  significado da palavra “filosofia”. Aqui, filosofia não diz respeito aos  pensamentos que excluem Deus, nem a um curso universitário. Josefo, um  historiador do tempo dos apóstolos, disse: “Existem três formas de  filosofia entre os judeus: os seguidores da primeira escola são chamados  fariseus, os da segunda, saduceus, e os da terceira, essênios”. Assim,  “filosofia”, no texto, significa qualquer tipo de conhecimento acumulado  sobre Deus ou sobre qualquer outro assunto. Segundo Paulo, a verdadeira  santidade não é comprovada pelo conhecimento que uma pessoa consegue  acumular. Os fariseus, por exemplo, tinham um vasto conhecimento sobre  Deus, mas Jesus os chamou certa vez de filhos do diabo (Jo 8.44). É  impossível que algum filho do diabo apresente santidade. O próprio diabo  também conhece a Escritura, mas para ele está reservado o fogo do  inferno.
Paulo faz ainda um segundo alerta:
Cl 2.16: “Ninguém, pois, vos julgue por causa de comida ou  bebida, ou dia de festa, ou lua nova ou sábados”. O alerta de  Paulo é contra o engano promovido pela vida de devoção. Muitas pessoas  imaginam-se vivendo a verdadeira santidade pelo fato de expressarem, com  muita intensidade, o comportamento religioso. Nos tempos de Paulo, as  pessoas imaginavam que a verdadeira santidade era evidenciada se a  pessoa fizesse distinção entre alimentos e alimentos, ou se ela prezasse  o comparecer a eventos religiosos. Os fariseus agiam dessa maneira, mas  Jesus lhes disse: “Ai de vos, escribas e fariseus, hipócritas,  porque fechais o reino dos céus diante dos homens; pois não entrais nem  deixais entrar os que estão entrando! Ai de vós, escribas e fariseus,  hipócritas, porque rodeais o mar e a terra para fazer um prosélito; e,  uma vez feito, o tornais filho do inferno duas vezes mais do que vós”  (Mt 23.13,15). Mas ninguém é mais santo porque deixa de comer isso ou  de beber aquilo, ou porque participa desse ou daquele evento.
Por fim, Paulo faz um último alerta:
Cl 2.18: “Ninguém se faça árbitro contra vós outros, pretextando  humildade e culto dos anjos, baseando-se em visões”. Aqui,  Paulo afirma que as experiências sobrenaturais ou místicas não são um  sinal que comprova a verdadeira santidade. As pessoas ali estavam vendo e  adorando anjos. Por imaginarem que Deus era inacessível, elas começaram  a buscar ajuda e revelação de anjos, as tiveram. Miguel, o líder das  hostes angelicais, era largamente adorado na Ásia Menor e a ele eram  atribuídas muitas curas miraculosas. Com base nessas visões, muitos  imaginavam-se espirituais, andando na verdadeira santidade. A essas  pessoas Paulo diz não. Jesus mesmo chegou a afirmar: “Nem todo o  que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no Reino dos Céus, mas aquele que  faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos naquele dia hão de  dizer-me: Senhor, Senhor! Porventura não temos nós profetizado em teu  nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos  muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci.  Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade” (Mt  7.21-23).
Concluindo, Paulo diz: “Tais coisas, com efeito, têm aparência de sabedoria…todavia, não têm valor algum contra a sensualidade” (Cl 2.23). Apesar de parecerem sinais da verdadeira santidade, essas referidas práticas e expressões não conseguem refrear os impulsos da carne; antes, muito facilmente os promovem.