quarta-feira, 19 de maio de 2010

Perfil do Obreiro para os tempos atuais - Parte 2

Há uma diferença entre avivamento e enchimento de igreja. Temos confundido as coisas. Uma igreja pode ser enchida por vários motivos: o carisma do pregador, a boa qualidade da música, a estrutura de educação para os filhos, modismo, grife, manipulação, etc. São comunidades vivas, dinâmicas, até mesmo apresentando vitalidade espiritual, porque as pessoas que lá se congregam são crentes empolgados.

Avivamento produz vidas transformadas, santificadas e produz impacto na sociedade. Os grandes avivamentos da história da igreja mostram isso. Sempre que houve um, as estruturas sociais da comunidade foram abaladas. Temos hoje encontros, congressos, reuniões as mais diversas, mas nosso impacto na sociedade é escasso.O que faz uma igreja crescer não são mega-eventos e pregadores mas os seus obreiros que vivem a palavra e a ensinam para a igreja. A marca registrada de todos os avivamentos foi a ênfase na Bíblia. Inclusive o maior de todos os avivamentos, a Reforma Protestante, foi a redescoberta da Bíblia. Não é de estranhar. Jesus mesmo disse: "Santifica-os na verdade; a tua palavra é a verdade" (Jo 17.17). É a Palavra que santifica. A Bíblia é um livro fascinante. Onde ela é pregada, a situação muda. Vidas se convertem, vidas se santificam, moribundos espirituais são revigorados.


O obreiro ideal interpreta o mundo pela Bíblia. Estou cansado e indignado com leituras da Bíblia por Marx, por Freud, por Piaget, por Darwin, por Comte, por livros humanos e pelas experiências de “gurus” evangélicos. Interpretar o mundo à luz da Bíblia é indispensável para o obreiro de nosso tempo, necessário para nossas igrejas. Precisamos de obreiros que tenham uma cosmovisão bíblica, ou seja, que saibam interpretar o mundo à luz das Escrituras. Além de pregar a Palavra, o obreiro de perfil ideal para nosso tempo precisa saber ler o mundo e os tempos pela Bíblia. E não ler a Bíblia pelo nosso tempo.

Em terceiro, um obreiro que ame a igreja. Estou cansado de apedrejadores da igreja. São tão sem imaginação! São tão pobres! Cheguei ao seminário com 15 anos e os ouvi. Tenho 20 anos de ministério e ouço a mesma cantilena. Não inovam. Alguns se intitulam de "esquerda". Deve ser ato falho. A mesmice é sua marca registrada.

A Igreja é de natureza divina, nascida no coração do Pai, na eternidade. "Ele nos escolheu antes da fundação do mundo", disse Paulo. A igreja local é a expressão visível da Igreja invisível. A única maneira de viver com ela é através do amor. O obreiro precisa amar a sua igreja. Com sinceridade. Ela não é apenas seu ganha-pão. Deve amá-la. Sei que há problemas no ministério. Uma vez uma pessoa reclamou comigo, dizendo que seus pastores, inclusive eu, nunca foram pastores com ela. Precisei lhe dizer: "Mas você nunca foi ovelha. Você é bode". Alguns membros de igreja parecem trazer na testa a inscrição: "Perigo! Não se aproxime!". Fazem questão de machucar e de serem problemáticos. Alguns são grosseiros e outros fofoqueiros. Há igrejas especializadas em maltratar obreiros e há gente que faz questão de ser difícil. Há as eternas crianças que gostam de mamadeira a tempo e à hora. E acham que pastor que é pastor é aquele que se sujeita aos seus caprichos de crentes imaturos. É fazer como a Bíblia diz: repreender uma, duas vezes, e usar o tempo com ovelhas. Os bodes já estão julgados: são vidas frustradas. Mas com todas as dificuldades, incluindo os bodes, a igreja local é uma instituição fantástica. Ame a igreja que você servir.


Parte 1

Parte 3

Pr. Alexandre Pedroso

Pastor do Distrito Bento Gonçalves.